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Eles são jovens, talentosos e famosos. Têm a admiração e a aprovação das massas e são aplaudidos em todos os lugares por onde se apresentam. Ocupam considerável parte do tempo em estúdios, palcos, aviões e hotéis. Entre fusos confusos, cruzam continentes como se fossem cidades ao redor de grandes metrópoles. Nas Américas, Europa, Ásia, África e Oceania, suas músicas são cantadas como se barreiras culturais e idiomáticas não existissem. Influenciam milhares de pessoas e despertam facilmente a atenção do público, assim como os flashes e holofotes da mídia gospel e secular.
Os fatores apresentados aqui são sinônimos de sucesso. No entanto, a motivação do grupo nunca esteve relacionada a fama ou dinheiro. O projeto United – nascido, com poucos recursos, há pouco mais de uma década, entre os integrantes do ministério jovem da megaigreja Hillsong, na Austrália – visava apenas formar uma geração de jovens adoradores extravagantes que, através da música, pudessem impactar vidas. Quando servos se colocam na presença de Deus como vasos a serem moldados ao gosto do oleiro, o reconhecimento se torna apenas uma das conseqüências. Em pouco tempo, o Hillsong United tornou-se referência entre ministérios de louvor, bandas e cantores de renome internacional. Inspirados pelos acordes e mensagens contagiantes, jovens de diferentes culturas, denominações e raças começaram a tocar e entoar suas canções, como se tivessem recebido dose extra de motivação. Uma paixão que ultrapassou fronteiras.
Hoje, com Joel Houston, Jad Gillies e Jonathon Douglas na linha de frente, o grupo lança em 2007 seu 8º álbum intitulado All of the Above, o primeiro da carreira a ser gravado em estúdio. Lançado em março na Austrália e em maio nos Estados Unidos, a obra fonográfica, que ainda não chegou ao Brasil, vem obtendo grande destaque na mídia internacional e em junho deste ano debutou no 1º lugar do Top Christian & Gospel Albums da revista americana Billboard, a mais conceituada do mundo musical.
Com mais de 1 milhão de cópias vendidas e apresentações para cerca de 750 mil jovens, considerando apenas os últimos 5 anos, quando a banda começou as turnês pelo mundo, o grupo já embarca em novos projetos. A novidade que deve ser lançada em 2008 é o documentário “The I Heart Revolution”, que deve capturar cenas das mais emocionantes noites de louvor e adoração ao redor do globo. A obra, compilada, vai traduzir em imagens a manifestação de Deus nos países em que o grupo esteve nos últimos 12 meses, e, além disso, motivar os jovens e ministérios de jovens a se posicionarem com relação às questões de injustiça em suas comunidades locais, incentivando-os a tomar a responsabilidade de serem as mãos e os pés de Deus neste planeta.
Dez meses depois de se apresentar em Brasília com a banda britânica Delirious? e em São Paulo com Diante do Trono, o grupo volta outra vez ao Brasil para três noites de louvor e adoração. Os shows acontecerão em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
Entre um intervalo e outro da recente turnê pela América do Norte, os componentes Joel Houston, Jad Gillies, Jonathon Douglas e Gabriel Kelly responderam às perguntas do repórter Oziel Alves, o que resultou nesta entrevista exclusiva à Enfoque Gospel.




ENFOQUELogo após a turnê da banda pelo Brasil, em setembro do ano passado, vocês escreveram em seus respectivos blogs comentários sobre cada um dos países por onde o grupo esteve. Sobre o Brasil, havia a declaração “Você não vai encontrar povo mais apaixonante em toda a terra” e, em referência ao show no Canindé, havia a frase “Foi uma das noites mais maravilhosas de toda a minha vida”. Afinal, o que impressionou tanto o grupo nessas duas noites em solo brasileiro?

JONATHON DOUGLAS – Ficamos, realmente, impressionados com a reação do público naquelas noites de louvor, no ano passado. O mundo conhece os brasileiros por serem extremamente animados, fãs do futebol e fiéis em relação a seus clubes. No entanto, o que nós testemunhamos foi uma multidão de brasileiros contagiantes e bem mais apaixonados por nosso Salvador, Jesus Cristo.

ENFOQUEAgora que vocês testemunharam essa “paixão”, quais são as expectativas de retorno ao país?

JOEL HOUSTON – Estamos muito empolgados pelo fato de poder retornar e louvar ao Senhor juntamente com os jovens brasileiros. Sabemos que eles vão dar tudo deles e, por isso, aguardamos ansiosos por esse momento. Será simplesmente maravilhoso passar por cidades como Rio de Janeiro e Belo Horizonte, assim como retornar a São Paulo novamente.

JONATHON DOUGLAS – Há outras inúmeras cidades no Brasil nas quais poderíamos realizar outros eventos, porém, infelizmente, nossa agenda só nos permite visitar três desta vez. Esperamos que milhares de pessoas de todas as partes do país viajem e se juntem a nós em louvor ao Rei.

ENFOQUEJoel, depois de gravar 7 álbuns ao vivo desde 1999, 5 deles sob sua liderança, o que leva o United a desenvolver um trabalho completamente elaborado em estúdio, como é o caso do álbum All of the Above?

JOEL HOUSTON – Nós nunca quisemos ser limitados por horários ou guiados por fórmulas que nos dissessem o que fazer. Nosso desejo sempre foi o de ouvir a Deus e entender Sua vontade para o Seu povo aqui, agora. Sempre pensamos que devido à própria natureza do nosso trabalho, as produções ao vivo seriam a melhor maneira de expressar nossos sentimentos.
Ainda pensamos dessa forma. No entanto, reconhecíamos que algum tipo de inovação já se fazia necessária. Sendo um projeto de gravação em estúdio, procuramos ao máximo evitar uma produção exageradamente requintada. Ao invés disso, buscamos algo mais coeso e condutivo ao louvor em espírito e em verdade. Simplesmente reunimos o grupo no estúdio e louvamos ao Senhor. Tocávamos as canções inúmeras vezes até que nossas mentes e corações não estivessem focados em partituras, exceto em Jesus. Depois escutávamos e aproveitávamos aquela parte que havia ficado melhor.
Foi uma experiência extremamente agradável. O processo de criação de músicas como “Hosanna”, “Never Let Me Go” e “Saviour King” nos proporcionaram momentos inesquecíveis, em que conseguimos ter experiências reais com Deus.
Foi esse o nosso objetivo. A idéia de gravação em estúdio não irá substituir de maneira alguma o que fizemos ao vivo, sendo apenas uma forma diferente de produção. Sentimos que isso era a coisa mais certa a fazer nessa temporada e, particularmente, acho que não poderia acontecer em melhor hora.

ENFOQUEHá fórmulas ou segredos no processo criativo das letras?

JONATHON DOUGLAS – Apenas tentamos transmitir as grandes verdades da fé e do amor em Deus de uma maneira simples e verdadeira com o objetivo de ajudar a igreja de um modo geral. Esperamos que essas mensagens ajudem os jovens, a toda a igreja, e que se espalhe através das gerações.

ENFOQUEO United tem se envolvido em trabalhos direcionados às questões sociais do mundo. Qual o propósito desta visão ?

JONATHON DOUGLAS – Acreditamos que louvor e justiça andam lado a lado. Justiça é resultado de nossa adoração. Ao ajudar os outros, nos tornamos as mãos e os pés de Jesus. Encontrar pessoas com algum tipo de necessidade e poder ajudá-las torna-se a melhor maneira de fazer justiça. Então, nosso propósito é passar a mensagem de que isso é responsabilidade de todos e qualquer um pode fazer alguma coisa a fim de executar justiça em nossa terra.

ENFOQUE O grupo está trabalhando num projeto chamado “The I Heart Revolution”, documentário que deve ser lançado em 2008. Do que trata a obra, especificamente?

JOEL HOUSTON – A força do nosso trabalho sempre esteve focada na igreja local e, a partir disso, veio a oportunidade de atingirmos proporções mundiais. Nós acreditamos, de todo o coração, no poder da igreja local. O propósito de Deus para a salvação da humanidade é que nossas diferenças e interesses pessoais sejam colocados de lado a fim de que possamos nos engajar nos interesses do Criador.
Nos últimos anos, tivemos a chance de viajar para diversos lugares em todo o mundo. Nesses locais, apesar das diversidades étnicas e culturais, fomos encorajados ao presenciarmos o trabalho árduo das igrejas locais. Jovens de todas as localidades em conexão com o mesmo Deus. Então, senti que devíamos capturar aqueles momentos a fim de criarmos um retrato desta geração que, por toda a terra, está louvando a Deus. Uma geração que está sendo mudada e inspirada a fazer diferença, tanto local quanto globalmente, como um todo.
O projeto (ou melhor ainda, o movimento) é chamado “The I Heart Revolution”, e realmente está previsto para ser lançado em 2008. O álbum All of the Above é a primeira parte das três que deverão compor o projeto. Esta obra recém-lançada, o All of Above está estabelecendo os parâmetros líricos e temáticos daquilo que estamos buscando. O outro projeto é chamado For We Are Young and Free e tem como foco investir na próxima geração a fim de enviá-la. Trata-se de gravação ao vivo feita durante nosso encontro jovem anual que acontece durante um acampamento de verão na Austrália em que todos escrevem, tocam, etc. Estará disponível no final deste ano.

ENFOQUEUma das expectativas do povo em relação às pessoas públicas, sobretudo aquelas que exercem trabalho de notoriedade na obra de Deus, é de que estas sejam “exemplos, modelos para a sociedade”. Como artistas e integrantes da banda gospel mais conhecida do planeta, imagino que tais exigências devam ser maiores ainda. O que vocês pensam sobre isso e quais são os “prós” e os “contras” dessa fama?

JONATHON DOUGLAS – Eu acho que se você esperar perfeição de alguém, certamente ficará desapontado. Não há nenhum ser humano na terra que seja perfeito. Ocupar uma posição de liderança na igreja ou no grupo Hillsong United significa, sim, dizer que as pessoas olham para nós como modelos, exemplos. Realmente, isso é algo bom e ruim ao mesmo tempo. A vantagem é que se fizermos bem, encorajaremos muitas pessoas; o lado negativo é que, se falhamos de alguma forma, acabamos por potencializar o desencorajamento em muitos também.
Sabemos que as pessoas nos vêem como líderes e exemplos a serem seguidos, por isso temos a consciência de que devemos nos manter, sempre focados, em nossos princípios de levar uma vida regrada e que glorifique a Deus. Não importa se você é membro de uma banda que viaja o mundo ou se é apenas um jovem, ainda na escola. Se você vive uma vida reta diante de Deus, você é um modelo de muito valor.

ENFOQUEQual é o maior desafio da equipe durante as viagens e como é estabelecida a rotatividade dos componentes, já que o United sempre declara não ser formado por componentes específicos?

GABRIEL KELLY – Bem, viajar pode ser desgastante fisicamente, já que muitas vezes você sequer sabe que horas são ou qual é o fuso do local em que você se encontra. Então, as pressões físicas são intensas. Apesar disso, procuramos nos divertir e aproveitar, ao máximo, cada experiência que aparece em nosso caminho. Nós viajamos durante muitas semanas do ano e constantemente substituímos um ou outro componente do grupo. É claro que não os escolhemos, simplesmente, por cantarem ou tocarem bem, mas também devido a seus temperamentos e atitudes. Selecionamos os membros de nossa equipe focando tanto o caráter quanto seus níveis de habilidade.
Todos os que viajam conosco são responsáveis por se manterem num alto nível de comunhão com Deus, especialmente devido aos desgastes durante as turnês. Somos todos bons amigos e trabalhamos pesado para despertar as melhores qualidades que cada um possui. Então, antes de tudo, somos bons amigos que aproveitam a companhia um do outro, até mesmo enquanto estamos em casa. A sintonia que temos uns com os outros nos ajuda bastante, especialmente quando se está cercado de inúmeras pessoas todos os dias!

ENFOQUELevando em consideração a afirmação “Nem toda música religiosa é boa e nem toda música secular é má”, qual a sua opinião sobre música gospel versus música secular?

GABRIEL KELLY – É importante não classificar a música secular como irrelevante ou demoníaca, haja vista que esse é o tipo de música que o mundo está escutando. A música cristã deveria despontar entre os acontecimentos culturais, especialmente se nosso desejo for o de alcançar uma geração que está à procura de novidades e excelência. Nós temos muito o que aprender com a música secular. É necessário, entretanto, ter maturidade para avaliar o que deve ser escutado e o que deve ser evitado.
A música é uma ferramenta poderosa criada por Deus. Nosso Pai é tão maravilhoso que seria uma vergonha para a nossa música – feita para glorificá-lO – estar fora de uma lista Top 40 de canções que falam apenas de assuntos triviais. As músicas feitas na igreja deveriam ser as melhores! Elas deveriam ser as melhores melodias, feitas pelos melhores artistas, com a melhor produção! Quando o assunto é música, nós todos ainda temos um longo caminho a percorrer e muito a aprender.

ENFOQUEQual a sua percepção quanto à música de adoração produzida no Brasil? Existe algum ministério, bandas ou cantores solo que você tenha apreciado e que têm abençoado de alguma forma o grupo?

JONATHON DOUGLAS – Pelo que ficamos sabendo, há vários grupos de qualidade surgindo nas igrejas brasileiras. A noite de louvor que tivemos ano passado em São Paulo teve a participação do grupo Diante do Trono, que demonstrou possuir um admirável espírito de adoração ao Senhor.

ENFOQUEQue importância vocês dão a premiações internacionais, como Grammy Awards e outros?

GABRIEL KELLY – São reconhecimentos empolgantes. Premiações internacionais e coisas afins são indicativos de que a nossa mensagem está sendo transmitida para o mundo e a Palavra do Senhor está alcançando um número ainda maior de pessoas. E, obviamente, este fato é muito mais importante do que ganhar qualquer prêmio. Nosso objetivo não é atrair fãs, mas construir um movimento de pessoas que realmente estejam motivadas a viver como cristãos, de fato. Se o reconhecimento vier como conseqüência de nosso trabalho, ótimo; mas não é nisso que estamos focados.

ENFOQUEComo você vê a força da música pop rock do United em comparação a outras mais tradicionais?

GABRIEL KELLY – O grande diferencial das músicas do United é que elas são escritas por pessoas jovens. Elas estão cheias de energia e impetuosidade, características inerentes à juventude. Cada vez mais a grande família cristã está cantando as nossas canções e isso é muito legal. As músicas de uma igreja serão apenas produto ou reflexão de suas culturas, e, contanto que Deus seja glorificado através da música, esta seria a comparação mais importante de todas. A mensagem de louvor em si é muito mais importante do que a maneira ou o estilo como a mesma é transmitida.